Wednesday, June 02, 2010

Cada cagada,
uma página.

Hoje em dia
já não me incomoda
o berro do choro
a abertura da porta.

Tuesday, June 01, 2010

Você diz que eu sou louca
Cure a minha loucura
com a sua sanidade.

Você diz que eu falo muita besteira
Cale a minha boca
com o teu beijo.

Wednesday, November 18, 2009

Eu tinha cabelo de furacão
O seu estava sempre penteado
Minhas unhas roídas, dedos machucados
As suas limpas e feitas, brilho impecável
Meus atrasos de 3 horas
Os seus de 10 minutos
Meu nervosismo.
Sua calma.

Minha energia inesgotável
Seu sono constante
Minha sede pelo futuro
A sua por uma vida calma
Minha obsessão por livros
Sua preguiça de leitura
Meu desprezo por televisão
Seu vício na telinha
Minha ansiedade.
Sua tranquilidade.

Meu seu.
Seu meu.

Antes era só
eu e você.
Agora somos nós
dois e o bebê.


[L.F.]

Monday, September 21, 2009

Não me dê beijos forçados.
Eu dispenso esse luxo.

Tuesday, August 18, 2009

Quer queira, quer não
Vou te devorar, vou te comer com pão
Quer ouça, quer não
Vou te cantar, vou dizer palavrão
Quer sonhe, quer não
Vou te casar, vou te deixar na mão
Quer queira, quer não
Vou te amar, não vou não.

[L.F.]

Thursday, July 09, 2009

UNKNOWN

In my lifetime

I have passed by a million people
unseen untouched unspoken
I have breathed their air
and shared their glances
looked deep into their eyes
passed by them in silence
I now encounter myself in the future
and I find myself
completely
unknown.


DESCONHECIDA

Em minha vida
caminhei através de milhares de pessoas
sem ser
vista tocada falada
respirei os seus ares
compartilhei seus olhares
olhei fundo em seus olhos
passei por elas em silêncio agudo
agora me encontro no futuro
e descobri que sou
completamente
desconhecida.

[L.F.]

Wednesday, July 08, 2009

eu te quero pronto, e só
eu te quero só, e apenas
eu te quero apenas, então
eu te quero então, assim

eu te quero assim, então
eu te quero então, apenas
eu te quero apenas, e só
eu te quero só, e pronto.


[L.F.]

Sunday, June 28, 2009

Vovó e Vovô - Parte 1

- Vovó, me conta uma estória!

- Que estória você quer escutar, meu filho?

- Ah... Qualquer uma... Só pra dar sono, vai...

- Que tal a estória de vovó e vovô?

- Pode ser. É longa?

- Um pouco.

- Ótimo! Então conta!

- Então vamos lá... Vovó e vovô se conheceram e se apaixonaram logo de cara.

- Vocês se apaixonaram um pela cara do outro?

- Não foi isso que eu quis dizer. Mas... Bem... Vamos dizer que, no mínimo, acharam a cara um do outro agradável.

- E aí?

- E aí que, logo de início, se deram muito bem e logo começaram a conviver bastante. Vovó e vovô tiveram uma sorte grande logo de início...

- Qual foi?

- Que a família de cada um gostou bastante dos novos personagens da família. Olha, meu netinho, tente aprender isso bem cedo: o mais importante de tudo é que a sua família goste da sua namorada e que a família da sua namorada goste logo de você...

- Mas, por que?

- Porque assim você terá completa liberdade para se apaixonar perdidamente por aquela pessoa.
- E qual o problema de se apaixonar perdidamente quando as famílias não gostam dos respectivos?

- Bem, quando você briga com sua namorada e sua família não gosta dela, eles vão fazer de tudo para que o seu namoro acabe de vez. Quando a família apóia o relacionamento, eles fazem de tudo para que dê certo no final, ajudando nas crises, nas brigas e até nos momentos difíceis quando, na raiva, se acaba o namoro.

- Isso aconteceu com você e com vovô?

- Várias e várias vezes.

- E vocês sempre voltavam?

- Várias e várias vezes.

- Isso não é ruim?

- Não, isso é bom.

- Como pode ser que “acabar várias e várias vezes” seja bom?

- Seria impossível para mim explicar isso de uma forma correta para você porque, mais do que tudo, esse tipo de questionamento envolve o amor. E você sabe muito bem – que eu já te falei-, que o amor é essencialmente abstrato. Ou seja, não pode ser corretamente descrito, nem visto e nem ouvido.

- Oxe! E como uma pessoa sabe o que é o amor?

- Oras! Porque o amor é sentido. Agora, podemos para com as perguntas e continuar com a estória?

- Ta bom. Pode, pode.

- Então. O relacionamento de vovó e vovô tinha duas grandes e fortes características que, ao mesmo tempo, os uniam e os afastavam.

- O que era?

- Era o amor inexplicável que os circundava e orgulho extremo de cada um.

- Vixe!

- Pois é, vixe! Então, o que acontecia? Enquanto nós éramos completamente alucinados um pelo out-...

- Num era ‘apaixonados’?

- Alucinados e apaixonados são a mesma coisa.

- Ah!

- Então, enquanto nós éramos completamente alucinados um pelo outro, nós também carregávamos um orgulho imenso.

- E como isso é ruim se papai vive dizendo que tem muito orgulho de mim?

- É diferente e, provavelmente, a vovó não saberá explicar direito. Mas, o que acontecia entre vovó e vovô é que cada um, antes de se conhecerem, viviam vidas extremamente independentes. E quando se conheceram, essas vidas começaram a bater de cara uma com a outra.

- Elas não gostavam da cara uma da outra?

- Não, meu bem. É que... Hum... Deixa pra lá. Continuando... O que acontecia era que vovó nunca tinha dado satisfação a ninguém fora sua tataravó e seu tataravô e, cá entre nós, ela não tinha muita experiência em namoro. Já o seu avô tinha experiência até demais, mas, por outro lado, não tinha muito a quem dar satisfação.

- E aí?

- Aí que quando duas vidas diferentes assim se unem, certamente alguns contratempos irão aparecer. De forma que vovó e vovô brigavam muito no início. Todo dia era uma briga diferente. Era briga por causa do decote do vestido da vovó, briga por causa do jogo que o vovô queria assistir no barzinho, briga porque a vovó queria liberdade, briga porque o vovô queria assistir o jogo no barzinho com os amigos, briga porque a vovó queria viajar sozinha, briga porque o vovô queria assistir jogo no barzinho com os amigos tomando cerveja e por aí vai.

- Mas isso não demorou muito tempo, né, vovó?

- O quê?! Mas, meu netinho, isso durou e tem durado a vida inteira.

- Nossa! E vocês brigam pelo o quê?

- Ah, impossível listar tudo em uma conversa tão miúda. Mas, depois do futebol e da louça e da cerveja e do decote, muitas outras coisas surgiram. Quando noivamos, brigávamos porque eu não usava a aliança na academia e porque ele sempre ia conversar com os amigos antes de ir pra casa. Quando casamos, brigávamos por causa da cueca suja no chão, do jantar frio, da cama desarrumada, da feira caríssima e por causa do jogo no barzinho com os amigos. Quando tivemos sua irmã, brigamos pelo nome. Quando sua mãe teve você, brigamos pelo nome. Quando vocês foram crescendo, brigávamos por causa dos meus atrasos, das chegadas dele tarde da noite, do carro que não podíamos comprar, das almofadas do sofá que não existiam.

- Nossa!!! E como vocês agüentaram isso a vida toda?

- Porque, acima de tudo, éramos e ainda somos completamente apaixonados um pelo outro.

- Por que o vovô chama você de ‘minha neguinha’ se a senhora é branca?

- Porque, pra ele, eu sou a neguinha dele.

- E você o chama de quê?

- Ele é o meu feijão com arroz e farofa.

- Por que?

- Porque ele é indispensável. Além de fazer bem.

- Mas, eu ainda não entendo como vocês dois conseguiram passar tanto tempo juntos.

- Não sei nem explicar. Hoje mesmo brigamos porque eu não deixei um pedaço do filé de ontem para ele comer hoje de manhã...

- Vocês estão brigados?! E agora, vovó?

De repente, vovô entra pela porta do escritório carregando um buquê de flores do campo de todas as cores imagináveis. Vovó pega as flores e abraça vovô com carinho. Vovô fala bem baixo, só para vovó escutar: - Te amo, minha neguinha. Tem filé?



[L.F.]

28/06/2009

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Friday, June 26, 2009


Um belo dia eu decidi casar
Nem invente de me perguntar por quê
Casei porque queria uma família, filhos, uma casa
Pense numa decisão errada
Eu sabia que ia me arrepender

Quando eu me casei, pensei que estava feita
Casa boa, dinheiro bom, marido querido
Mas eu só não sabia de um negócio
Quando eu me casei com aquele troço
Casei também com os espermatozóides do maldito.

E era choro aqui e grito ali
E eu doida, sem ajuda, sem abrigo
Ligava louca atrás daquele sem-vergonha
Ele, “mulhé to numa reunião, se recomponha”
E tava mesmo era num happy hour com os amigos.

Antes de casar, era tudo uma maravilha
Era tesão, paixão quente e ardor
Antes era cerveja, agora é vinho
Era cama do pecado, agora é ninho
E a gente não transa mais, a gente faz amor.

Nossa lua-de-mel foi um absurdo
Caiu bem no mês da Copa do Mundo
Pense numa mulher azarada que eu sou
Eu não cheguei a ter nenhum orgasmo
E ainda tive que escutar daquele asno
“Ai de tu se o Brasil não fizer gol”.

Do nosso aniversário ele nunca lembra
Aí diz “desculpa meu amor, eu esqueço”
Aí não sei porque eu sempre invento
De comemorar a merda do casamento
Só pra ver o infeliz beber e vomitar logo no começo.

Quer saber de uma coisa, fiquei de saco cheio
Fiz minhas malas e fui embora
Pois o infeliz num veio atrás de mim
Essa miséria parece não ter fim
Ele ta dando uma de corno manso agora.

Pois eu fiquei com pena do coitado
E decidi, enfim, voltar
Eu disse “se você acha que eu sou burra
Pode tirar seu cavalinho da chuva
As coisas agora vão mudar”.

Botei a figura pra lavar e cozinhar
Abusei do coitado até na cama
Ele mal conseguia segurar o taco
No final de semana ficava só o caco
E ainda inventa de querer dizer que me ama.

E agora eu sou mulher casada e feliz
Meu marido nem sabe o que se sucedeu
De vez em quando ele ainda reclama um bucado
Eu digo “se tu ama tua vida fica calado”
Quem manda nessa merda agora sou eu.

[L.F.]
25/12/2007

Sunday, June 14, 2009

agarrei-me a ti como a um sonho:
não percebi quando chegaste
e, desde então, nunca mais acordei.

[L.F.]

Vi a Avenida Paulista de um lado
com meus olhos futuristas

Depois vi atravessada
com meu coração de turista

A impressão que ficou
foi a minha como artista.

[L.F.]

Tuesday, May 26, 2009

Porque fazer as coisas sempre certas

quando podemos fazer tortas?

[L.F.]

Wednesday, April 22, 2009

quando eu fico triste
escuto Nina Simone
e me acabo de vez

mas, às vezes mudo
e coloco Elis Regina
para ficar triste também em português.



[L.F.]

Sunday, April 12, 2009

- Eu te amo, disse ele.
- Ama nada, ela respondeu.
- Amo sim, juro!
- Você mal me conhece, não pode me amar.
- Não tenho culpa se já te amo em tão pouco tempo.
- Hum, sei.
- Você não acredita em mim?
- Não sei. Talvez.
- Eu te amo.
- Eu também te amo.
- Oxe! Mas, você não disse que não acreditava?
- Eu também não tenho culpa se já te amo.
- Então, tá!

Conheciam-se há pouco tempo. No máximo, quatro semanas. Foi um encontro casual, entre amigos, num bar, numa noite calma e preguiçosa de domingo. Segundo ele, interessara-se por ela desde o início, algo que ela contesta e ainda há de acreditar. Ela o achou interessante depois de alguns dias, quando conversaram algumas coisas sobre música, filmes, livros e cerveja. As amenidades simples que sempre dão um jeito de juntar duas pessoas diferentes em um único pequeno universo de cultura.

Ela gostava de beber e fumava descontroladamente. Ele bebia pouco e fumava bem menos que ela, passando a fumar mais só para acompanhá-la. Ela não se orgulhava disto. Ela gostava de passar os finais de semana em bares, boates, pubs, bebendo e se divertindo. Ele preferia ficar deitado no sofá de casa assistindo TV e namorando. Foram feitos um para o outro.

A primeira pontada de amor surgiu nela depois que estavam namorando há alguns dias. Ele enviou uma mensagem para seu celular dizendo que estava com saudades. Ela nunca havia sentido saudades dos namorados anteriores e sempre achava brega ficar dizendo que estava sentindo falta. Mas, quando viu a mensagem dele, suas pernas tremeram, seus joelhos amoleceram, seu coração deu um salto e ela suou frio um pouco. Estava apaixonada.

Ele já tinha histórico de paixões súbitas. Era carinhoso, atencioso, caseiro. Coisas que ela não suportava. No entanto, o aceitava com a naturalidade de quem está junto há 10 anos. Eles se entendiam e, quando não concordavam em algo, um sempre fazia um sacrifício para satisfazer a vontade do outro.

Nos próximos cinco meses, o relacionamento apenas aprofundou-se. Não se desgrudavam mais. Ela já não fazia questão de sair do final de semana, havia cortado os cigarros pela metade e mal bebia. Ele, por outro lado, aprendeu a gostar mais de barzinhos e festa, fumando um pouco mais e ultrapassando os limites da bebida, de vez em quando. Estavam entrando em um tipo de equilíbrio de personalidade. Um completava o outro, em quase todas as formas. Já não conseguiam passar muito tempo separados. Metade das coisas dela já estava na casa dele e metade da vida dele já estava na casa dela. Era impossível dizer onde um terminava e o outro começava.

No sexto mês, ele não agüentou. Pediu sua mão em casamento. Ela hesitou por uns 30 segundos, para fazer charme. Mas, as lágrimas começaram a cobrir-lhe o rosto e os dois se abraçaram, ambos chorando de felicidade. Foi marcada a data e pouco tempo depois, casaram-se.

Foi um ano de lua-de-mel. Ninguém acreditava que era possível um amor como aquele. Eram companheiros, amigos, amantes, apaixonados. Haviam comprado um apartamento pequeno, mas cômodo, com uma vista bonita da cidade. Ficavam sentados na varanda abraçados todos os dias quando chegavam do trabalho.

Certo dia, ele trouxe uma garrafa de vinho para a varanda. Sentaram-se um ao lado do outro. Ele pôs seu braço ao redor do pescoço dela e beijou-lhe a bochecha com carinho. Ela aninhou-se em seus braços e beijou-lhe a boca adocicada de vinho.

- Eu te amo, ele suspirou.
- Eu também te amo, ela respondeu.
- Ama mesmo?
- Claro que sim.
- Ainda bem.
- Ainda bem, por quê?
- Porque se não amasse, isso tudo não faria sentido.
- Tem razão. Nossas vidas seriam totalmente diferentes.
- Se não estivéssemos juntos, com certeza estaríamos longe desta cidade.
- Eu estaria na Inglaterra estudando literatura.
- Eu estaria nos Estados Unidos estudando negócios.
- Eu não seria escrava do meu trabalho.
- E eu não teria levar roupa para a lavanderia todo dia.
- Acho que eu estaria ganhando bastante dinheiro como crítica e escritora.
- Provavelmente, eu já teria minha empresa, bem encaminhada.
- Será que seríamos felizes?
- Não sei. Creio que sim.
- Mais do que somos hoje?
- Não sei. O quão feliz somos?
- Não sei. Pelo menos, moderadamente felizes, não acha?
- É, moderadamente. Será que chega a isso tudo?
- Talvez, então, felizes o suficiente para ficarmos juntos.
- E será que vale a pena ficar juntos apenas para sermos: “suficiente felizes”?
- Não sei. Sei que é tudo culpa do amor.
- Maldito amor, estragando a vida de pessoas que poderiam ser extremamente felizes, em vez de apenas felizes o suficiente.
- Pois é. Maldito amor.
- Você me ama mesmo?
- Não sei mais o que pensar. E você?
- Também não sei.
- Eu acho que precisamos decidir isso.
- Eu não te amo.
- Eu também não.

Friday, April 03, 2009

Já estais tão perto da tua sorte, meu amor, não volte
Finja que o sol da aurora ainda nasce
Permita que os lábios meus te beijem a face
Deixa comigo tua vida e leva contigo minha morte

Já almejaste tanto este abismo, meu amor, não chore
Que as lágrimas tuas penduram em minh'alma eternamente
O corpo meu do teu já se sente ausente
E a angústia da tua lembrança implora que não demore.

Saudades tua já sinto há tanto tempo
Que não me lembro de tempos em que as não sentia
Teus olhos de orvalho há anos já não via

Tu sonhaste tão belo e divino com este vento
E tanto me dói esta espera tua em contratempo
Que já quase extinta se encontra em ti a luz do dia.


Tuesday, December 02, 2008

Quando te vi
um cigarro na boca pendurado
os cabelos em caracóis desarrumados
lábios me dizendo coisas tortas
de suas loucuras timbradas em memória
dos seus tempos sem mim passados

Quando te vi
Lábios mordidos em pensamento
Perdidos em teus cabelos contra o vento
Não perdoei o teu calar
e seu olhar perdido e desatento

Quando te vi
Com a cor da tristeza encorpado
Um andar de orgulho engasgado
sobre o céu refletido no chão
no compasso do vinho, no éter do som
a chuva a nos deixar, sem amparo

Quando te vi
Vestido em um blues de tristeza
O teu toque assustando minha fraqueza
mandando embora meu medo de ti
deixando-me gozar de tua certeza
quando te vi

Quando te vi
Quase transbordei de felicidade
Suas mentiras tomei como minhas verdades
Não enfraqueci, um pouco sofri
com a angústia que me deixou tuas saudades

Quando te vi
quase esqueci, não percebi
que o findar do teu olhar sobre mim
me traria em pouco tempo
uma tristeza sem fim

[L.F.]

Sunday, August 17, 2008

Preciso de alguém que precise de mim...

Eu preciso de alguém que precise de mim. Que sinta falta do meu suspiro, do meu abraço. Que sinta saudades quando não estiver comigo. Que necessite o ar que eu respiro, o brilho dos meus olhos. Preciso de alguém que precise do meu cheiro, dos meus gestos, das minhas caretas e meus sorrisos. Preciso de alguém que só esteja completo quando estiver comigo.

Preciso de alguém que precise da minha presença. Que não olhe para o passado, nem para o futuro. Que olhe apenas para mim e perceba que aquele único momento pode ser o nirvana de uma vida. Preciso que essa pessoa me ame, me queira, me faça sentir mulher, me faça sentir bem, me faça sentir. Preciso de alguém que me faça sorrir. Alguém que não tenha medo de chorar, de brigar, de amar e ser amado. Preciso de um homem que fique sempre ao meu lado. Preciso sentir sua pele, sentir seu gosto, sentir suas mãos nas minhas, seus cabelos emaranhados dos meus. Preciso de um homem que seja meu deus.

Preciso de alguém que precise da minha alma. Cuja agonia eu posso curar com minha calma, cuja lágrima eu possa apagar com o meu toque, com meu olhar. Preciso de alguém para que eu seja seu mar, seu amparo; sua alegria, almas em sintonia; ser seu pássaro raro. Preciso ser seu verão, sua primavera, ser seu chão, ai! quem me dera. Preciso compartilhar minha imaginação, contar meus contos e meu causos, meus cantos e meus prantos. Mostrar o quanto sou amável, o quanto sou frágil. O quanto sou forte, sim, sou um forte, uma fortaleza, uma realeza. Sou um pouco de tudo e muito de nada, mas o bastante de algo para fazer a diferença na vida desse alguém. Preciso de um homem que me leve além, até o impossível, até o inconcebível. Preciso de uma vida imprevisível, um homem forte, um homem fraco, um homem que me admire e me respeite. Preciso de um homem que chore nos meus ombros e que enxugue minhas lágrimas, que sorria e me faça sorrir, que ria das minhas graças, das minhas seriedades. Preciso de um homem que ature minhas verdades.

Preciso de alguém que precise de mim. Das minhas inconstâncias, das minhas inquietudes, das minhas felicidades extremas e nervosismos agonizantes. Preciso de um homem que precise da minha sensualidade, que necessite o meu corpo, os meus beijos, meus cabelos, minhas mãos, meus pés, meus olhos e minha cintura. Preciso de alguém que aproveite essa fartura. Um homem que aceite meus defeitos, meus conceitos, minhas dúvidas, minhas loucuras, minhas gargalhadas estridentes, meu orgulho resistente, minha amizade, minha insanidade, meu humor insuportável, minha doçura infantil, minha preguiça tão senil. Preciso de alguém que aceite o meu coração, que me leve sempre a sério e não me leve sempre a sério, que faça rir sempre e ria mesmo quando minhas piadas forem sem graça. Preciso de um homem assim, sempre perto de mim, que me faça sentir a vida como ela é, ver o mundo com outros olhos, que me faça acordar toda manhã com um alívio no peito, preciso desse sujeito, preciso desse alguém.

Mas, talvez eu não precise de alguém que precise de mim. Talvez eu só necessite de mim mesma. Sem buscas, sem pesquisas, sem conquistas. Sem sonhos de um amor eterno, sem dúvidas sobre o amor verdadeiro, sobre o homem perfeito. Talvez eu não precise procurar alguém que precise de mim. Talvez seja eu que precise de alguém. Alguém que me ame, me envolva com seu ar, que seja meu mar, minha ilha, minha sina. Preciso de um homem só, preciso de um homem e só. Eu não preciso de alguém que precise de mim, da minha vida, do meu amor, da minha consciência. Pois, desse jeito, não existe ninguém. Para falar a verdade, não preciso dessa pessoa que precise de mim, apenas preciso de um alguém.


ele disse que o problema não era comigo, o problema era com o mundo. para ele o mundo é uma massa gigantesca de terra, água, ar e maldade. ele queria ver todos os habitantes do planeta aniqüilados, derrotados, extintos deste paraíso. para que o mundo voltasse a ser algo do que se pode orgulhar. e eu faço parte desse mundo imundo imenso. eu sou a carne viva que confirma os terrores que existem, mas eu também sou a barreira que impede o ódio total. eu sou um dos pequenos, ínfimos motivos pelos quais ele não inicia uma guerra contra a humanidade. eu sou a causa de um sorriso em um rosto que só conhece a tristeza. eu sou um nada e, ao mesmo tempo, sou um muito. fico triste em saber que nada poderá mudá-lo, que ele sempre será infeliz miserável e raivoso, que a minha habilidade em transformar as pessoas e em curar as paranóias não será útil com ele. no entanto, continuo, sigo ao seu lado, rezando para que ele nunca exploda em seus pensamentos e decida exteriorizar seu desdém e seu repúdio. guardo-o do mundo com cautela e não sei se o que me aterroriza mais é o fato de ele ser assim, ou se é porque, no fundo, eu concordo com ele.



[L.F.]

Thursday, June 19, 2008

Soneto do amor sem jeito

Amo-te sem palavras e declamações
Na calma da manhã e no suspiro do anoitecer
Na busca extasiada de chuva sem trovões
Amo-te a esmo no calado entardecer

Amo-te como se não fosse de verdade
É sentir sem tocar o teu corpo quente
É beijar sem encostar na tua boca ardente
Amor sustentado por eterna saudade

De uma longa distância esse amor sustento
Guardando-o entre lágrimas com dor no peito
Mantendo o orgulho encravado no silêncio

Eu deixo para trás esse amor desfeito
Sem nunca proclamá-lo aos quatro ventos
Para não dar esperança a um amor sem jeito.

[L.F.]

Wednesday, June 18, 2008

Eu vejo flores

Eu vejo flores cercando o terreno arenoso, cobrindo o chão morto e deserto com cor e ar fresco. Vejo-as, também, subindo paredes e escalando muros abandonados, cobrindo o sujo, o velho, o mal-lavado, transformando o escuro em claro, o sombrio em alegre.

Eu vejo flores nas favelas, sendo pisadas por pés pequenos e pobres durante pequenos campeonatos de bola, murchando em suas raízes para não atrapalhar ninguém, reerguendo-se logo em seguida, para contemplar aqueles pequenos mundos tão triste e, no entanto, tão cheios de simples riquezas.

Eu vejo flores cabisbaixas sendo arrancadas, trituradas pelo caule, carregadas por longas distâncias, passeando nos últimos minutos de suas vidas cortadas pelo meio, dando um último suspiro de alegria ao serem entregues a uma pessoa qualquer, que as recebe com um sorriso.

Eu vejo flores por onde passo, crescendo vertiginosamente, sem saber como findarão, como parecerão, se terão boas vidas, se foram bonitas, se causaram alegria ou tristessa. Se foram convidadas de um casamento, se presenciaram um aniversário, se foram companheiras de luto em algum padecimento.

Eu vejo flores desejando terem nascido no campo, longe de pés e mãos que machucam sua grandeza. Eu vejo flores implorando para serem flores de namorados e amores e felicidades, - e não flores de morte, de doenças e depressões.

Eu vejo flores todos os dias. As observo e as invejo. Eu vejo flores que nascem belas e que, caso não sejam escolhidas para cumprir algum objetivo humano, permanecem belas durante suas curtas vidas e morrem orgulhosas, semeando as terras com mais flores.

Eu vejo flores e me alegro, mas mantenho a distância. Eu vejo flores e espero vê-las sempre, sem que tenham medo de mim, para que se mantenham felizes as flores do meu jardim. Para que cresçam eternamente, para dentro da minha casa, do meu quarto. Para que invadam meus sonhos e meus ideais. Para que sejamos iguais, eu e minhas flores, colorindo o mundo em vida e deixando uma vívida lembrança em nossa partida.


[L.F.]

Thursday, June 12, 2008

Tira da tua boca essa palavra selvagem. Esconda suas verdades e exponhas suas demências. A tortura me alimenta, me sustenta, me entorpece com seus antros mágicos de loucura.

Tira da tua boca essa palavra suja. Essa condensação de maus pensamentos, essa relva de verde pastoso, seboso, ocioso e lento. Joga fora esse lixo que é o meu desmatamento, o fogo da minha madeira que queima queima queima e explode sobre as cabeças de pobres seres inconscientes e humanos.

Joga, pisa, derrete essa palavra que corrompe os nossos pés e as nossas mãos e as nossas vértebras e nos deixa imóveis, em estado vegetativo, em coma, em cima de uma cama de lençóis ácidos. Eu quero escutar os gritos escuros e mórbidos, silenciosos como pedra estática, de uma voz inexistente em meus ouvidos surdos.

Livre-se dessa palavra que é sua condenação, sua sentença obscura ao reino das lágrimas e penumbras. Jogue-a, espanque-a, CORRA.

Livre-se dessa palavra que quase deixa transparecer a sua insegurança. Prove que a nada teme, assim como eu, que a tudo temo.

Corra e fuja, mate-se! antes de encontrar essa palavra, que se chama...


[L.F.]

Tuesday, May 13, 2008

Pára tudo! Pára tudo!

Pára que eu ligo a minha caixa preta produtora de ilusões tristes e reais e preciso, necessito saber daquilo que não está acontecendo lá fora.

Pára tudo!

Pára que eu preciso navegar, surfar, pular por todos os canais supérfluos, utópicos da realidade animal humana e ver bonecos de carne e osso atuarem dentro de uma peça infantil de marionetes, proferindo para um público estático verdades falsas e fingidas.

Pára tudo! Pára tudo!

Pára que o papagaio rei pede a palavra e perde a bolacha e fala comigo como se fosse meu superior e talvez seja mesmo o meu superior, pois agora passo minhas horas escutando com atenção e concentração uma ave verde falante me contando novidades surreais que eu já nem sei mais se preciso ou não saber.

Pára tudo!

Pára logo, porque eu preciso saber que o Ed traiu a Fê que deu luz a um bebê autista filho do Fred que fumou sua herança de 100 milhões de Euros todinha junto com a Sil que antes de virar socialite fina era uma junkie lésbica que ganhava dinheiro coestrelando em filmes pornôs necropedófilos junto com o Max que deixou esta vida para virar padre da igreja universal do reino de Deus que, por sinal, está fervendo de raiva com essa putaria toda.

PÁRA TUDO PÁRA TUDO PÁRA TUDO!

Pára que eu preciso saber quem acabou quem começou quem reatou quem confirmou quem casou quem divorciou quem engravidou quem foi pego em flagrante quem passou vergonha quem sente muito quem se internou quem perdeu quem venceu quem bebeu quem tirou a roupa quem queimou a rosca quem foi filmado pelado no ato quem viu quem assistiu quem fingiu quem mentiu quem viveu quem nasceu e, principalmente, para acabar com a agonia ou harmonia geral do povo, quem morreu.

Pára tudo!

Pára que eu quero ver aquele patrulha que policia os casos do brasil com "b" minúsculo, SIM!, brasil com "b" minúsculo, pois o meu Brasil não é a realidade estampada na tela acanhada da minha caixa preta de terror, meu Brasil não é um mar de mentes secas sugando como esponja a vergonha que ninguém quer assumir, meu Brasil não é o pau-mandado que parece nem tem o respeito que merece e me indigna, me enraivece, me entristece, me enfurece a falta de respeito que que os homens por trás da tela tem pelo meu Brasil.

Pára tudo! Pára tudo!

Pára, calma! Anda! Cadê a CPI que estava ali? Agora já é desarmamento, mas cadê o julgamento, o importante e necessário caiu no esquecimento, pois o público, meus compatriotas, tem memória fraca, rasa, fácil de ser enganada. Agora é o julgamento, alguém foi preso, chamou atenção, o resto foi deixado de lado, hoje já é outro o destaque, hoje já é outro o escândalo, mandamos pires embora do país, o veloso também se foi, junto com muitos outros, mas todos voltaram, porque os poderosos têm medo daquilo que não podem controlar e mais medo ainda de perder o carisma a simpatia o apoio de nós, gado.

Pára tudo! Pára Pára Pára!

Pára isabela, Pára com isso menina! Você, coitada, não tem paz, não tem sossêgo, até depois de morta infernizam seu juízo, criando estórias e histórias, fazendo sua glória, usando sua curta vivência para ocupar o cotidiano de pessoas que precisam de algo para preencher seu cotidiano. isabela, eu tenho pena de você, te vejo todos os dias na telinha da minha caixa preta de lamentações, pequena, tímida, o brasil chora por você. SIM! O brasil com "b" minísculo, pois o meu Brasil tem coisas mais importantes em seu itinerário. isabela, que você consiga seu descanso algum dia e que todos os envolvidos no prolongamento e insistência da sua estória não descansem nunca mais e paguem pela falta de respeito que demonstraram a você e a todo o Brasil.

Pára tudo! Pára tudo!

Pára que eu estou cansada, meus olhos estão caídos, carregam o pesar de uma geração, o sofrimento da massa, as ilusões do cotidiano, das novelas, das realidades, das violências. Que fiquem vocês, imbecis, com suas violências e me deixem em paz. Me mostrem o que realmente preciso saber, me façam sentir orgulho de fazer parte desta tribo, me mostrem que não somos todos animais, que não somos canibais, que não somos pelés, nem zé manés, que prezamos pelo respeito mútuo e não nos orgulhamos do jeitinho brasileiro, não precisamos ter um jeitinho brasileiro, me mostrem que estou errada, que tudo pode mudar, que um dia poderemos confiar em tudo que nos disserem, nos mostrarem. Mostrem!

Pára tudo!

Pára tudo que por enquanto não vou perder meu tempo frágil. Vou me livrar deste ócio pesado e gangrenado. Pára tudo!

Pára tudo! Parem todos!

Vende-se caixa preta da felicidade. Enganará os seus sentidos e insultará a sua inteligência, mas proporcionará a você e a sua família o sentimento profundo de que sua situação é bem melhor que a do seu vizinho.


Thursday, May 08, 2008

Vai
Anda
Diz que sou linda.
Não minta
Não esconda
Não me ame além da conta.

Anda
Corre
Fala dos meus olhos.
Vai logo
Se esconde
Não me deixe assim tão longe.

Corre
Rápido
Fala que me ama.
Que drama
Que esquema
Não me encha de problemas.

Rápido
Depressa
Diz que tenho classe.
Me abrace
Me dê paz
E não me deixe nunca mais.

[L.F.]

Wednesday, April 30, 2008

Homem.
(
O Homem é um ser humano do sexo masculino, animal bípede da família dos primatas, pertencente à subespécie Homo sapiens sapiens; [do latim homine] – Dentre as diferentes espécies de seres corpóreos, a humana foi a escolhida para encarnação dos Espíritos que atingiram um certo grau de desenvolvimento, o que lhe dá a superioridade moral e intelectual sobre os outros.)



Love me,

mesmo que de uma certa distância.

Criada pelo medo

de ser amado de volta.


Hold me,

me aperte fortemente com os seus olhos

faça do seu olhar o meu asilo, o meu abrigo

|e na hora do aperto|

me traga de volta para casa.


Kiss me,

com seus lábios de nuvem que se
d
e
s
f
a
z
e
m
nos meus sonhos.
Que vão
e que voltam.

Como a saudade de algo nunca experimentado.

Trust me,

e me dê a sua mão,
fria
e
fraca.

Deixe-me te ensinar a dar passos L O N G O S

e mostrar que o meu calor não queima,
acalma.

Feel me,

porque eu já não sinto a mim mesma.

E preciso do seu toque

e saber que você não é apenas uma


palavra.


[L.F.]

Tuesday, April 08, 2008

Luz (Havia ali)

Havia ali uma alma a procura
Havia ali uma doce ternura
Havia ali perturbadora confusão
E as preces sussurradas de um honesto coração

Havia ali uma face sorridente
Os sinceros sorrisos dos rostos que mentem
Um senhor perdido com medo de gente
Uma pequena criança com sua própria em seu ventre

Havia ali nada mais que o mal
E o mal para essa gente parecia normal
O que damos tiramos e o que recebemos também
O que tinha de bom já agora não tem

E as lutas lutadas e as guerras passadas
São somente lembranças do passado e mais nada
Só existe agora o futuro e o presente
E aquela pobre criança com sua própria em seu ventre

Fruto do pecado de um homem mortal
Que fez daquela vida um inferno total
Havia ali almas com amor por nada
Se escondendo no porão debaixo da escada

Havia ali uma mulher desprezada
Cujo homem não a fazia sentir-se amada
Havia um velho de branco
Fumando, morrendo, em plena madrugada

Havia ali esperança decadente
Nenhuma alma com um fogo ardente
Só uma à luz era pura de verdade
Era aquela pobre criança com sua própria em seu ventre.


[L.F.]


Monday, April 07, 2008

1.


deixe que ela entre, entre em fusão
que gire e role e caia
da escada do abismo da saia
do meu encalço, meus pés descalços
deixe que ela entre em compressão

deixe que ela entre, entre na minha imaginação
meus caleidoscópios frenéticos de luzes e barulho
que ela venha escalando pulando subindo meu muro
que atravesse meu mar de pensamentos, minha enchente meu tornado de tormentos
deixe que ela entre e sinta a minha paixão

deixe que ela entre, entre em depressão
ao ver meus olhos amargos
inchados molhados e pardos
que ela sinta minha agonia, minha testa suada e fria
deixe que ela entre e pise no meu chão

deixe que ela entre, entre com precisão
que ela atire e acerte na mira
que ela aponte e conte e confira
e me leve com amor, sem frio sem ódio sem dor
deixe que ela entre com razão

deixe que ela entre, entre sem indecisão
que não seja como eu, inconstante
que ela venha com um cheiro marcante
e não se iluda com minhas verdades, que se destroem cedo ou tarde
deixe que ela entre com inspiração

deixe que ela entre, entre com compaixão
que não demore muito lá dentro
não olhe nem repare meu descontentamento
que ela venha e se vá com rapidez, que leve embora minha insensatez
deixe que ela venha com pressão

deixe que ela entre, entre no meu mundo
que ela me conheça e me entenda a fundo
que chore ria sofra ame e saiba tudo
que ela venha com um só objetivo, que ela o cumpra e salve o meu riso
deixe que ela entre e me leve junto.


[L.F.]

Wednesday, January 09, 2008

Cegueira

Você vê.

Você vê a mentira e suas pernas curtas.

Os olhos que atraem, os olhos que julgam

O egoísmo e o egocentrismo e o malabarismo e o jogo de cintura

Existem males para haver cura

Você vê o injusto, você vê o impuro.


Você vê.

Você vê bons amigos de longa data

Tomando cerveja como quem não quer nada

E na hora do sufoco

Quem é rico não desce pro poço

Você vê o abandono, você vê o incômodo.


Você vê.

Você vê o amor que brotou do céu estrelado

Um coração partido, quebrado, aos cacos

Foi um inconveniente sem precedentes

Mas se aconteceu agora, acontecerá novamente

Você vê a culpa, você vê a insulta.


Você vê.

Você vê que a traição é o berço da insanidade

Quem mente, de repente, um dia perde a verdade

Recorda-se da honra que perdeu

Chora a integridade que já morreu

Você vê o arrependimento, você vê o sentimento.


Você vê.

Você vê a fumaça que sai do cano imbutido

Fumaça negra, criança no chão por causa do tiro

Imprudência nossa acreditando nas pessoas

Inocência sua que só acredita em coisas boas.


Você vê o fim, você vê tudo que é ruim.

Você vê tudo isso e pára.

Você vê seu compromisso e dispara.

Você não vê?


Ou você não quer ver?


Friday, October 19, 2007


Just another day
Mais um dia. Mais um trabalho. Mais um atraso. Mais um chocolate clandestino.

É o que eu digo sempre: cada dia é diferente do outro, mas no final das contas, são todos farinha do mesmo saco.

Sentada, cadeira rasgada, computador antigo. Sempre uma nova atualização. Tanto virtual, quanto "real"mente. Alguém tenta me ensinar algo novo, esquece que minha memória é fraca. Amanhã tentará me ensinar novamente, com uma leve esperança de que desta vez eu aprenderei de vez. Mas não aprenderei. É a vida. É a vida comigo.

Está quase na hora de ir embora. Faltam 14 minutos. 13. 12. 11. 10. 9. 8. 7. 6. 5. 4. 3. 2. 1.
Grande consolo. Amanhã é sábado, é descanso, é prévia do domingo. Mas, logo vem a segunda, e mais uma vez tentarei aprender algo que, fatalmente, irei esquecer no dia seguinte.

Mas é assim mesmo. Levando os dias, tentando sempre lembrar as notas diferentes da sinfonia, para que não precisemos enxergar nossas vidas como um gigante saco cheio de farinha velha.


Wednesday, May 30, 2007

novos caminhos se abrem
outros se fecham
na encruzilhada da vida
uma saída.
ninguém gosta de sair
quem realmente vive, nunca vai embora
eu paro. não continuo
não volto atrás.
preparo o meu café
FORTE. muito açúcar.
abro uma página do meu caderno
escrevo:
novos caminhos se abrem.


[Larissa Fernandes]

Friday, December 15, 2006



Não me chame de mulher


Não me chame de mulher, pois não irei acreditar. Não tenho tanta confiança, não sou tão madura, não cresci o bastante, ainda sou muito cabeça dura. Não sei medir consequências, com nada me envolvo ou me empenho, então não me chame de mulher, porque de mulher eu nada tenho.

Não me chame de mulher, senão poderei chorar. Pois ainda sou uma criança, faço tudo errado e nunca procuro aprender. Não trabalho e nem quero, não estudo e nem me esforço, não procuro experiências, mas tenho toda a sciência de que um dia precisarei começar. Meu dinheiro não tem bolso, ele voa sem me consultar, não sei economizar, não sei nem o que é não gastar. Meu bolso não tem dinheiro, porque não tem tempo de se assentar, sai direto das mãos de quem me dá para àquilo que vou comprar. Então não me chame de mulher, porque se eu fosse mulher, é você quem iria me sustentar.

Não me chame de mulher, pois de mulher não tenho nada. Mulher de verdade batalha, mulher de verdade é guerreira. Eu fujo de todas as guerras, evito todas as barreiras. Prefiro ficar sentada, prefiro ficar parada, prefiro não fazer absolutamente nada... do que ter que suar para atravessar grandes fronteiras. Se tenho sonhos, não realizo. Se tenho direitos, não reivindico. Se tenho regalias, não preciso. Ou tenho preguiça de precisar. Tenho preguiça de aceitar. Até mesmo tudo aquilo que recebo de mão beijadas, de mãos amadas, até mesmo tudo aquilo que, para receber, não tive que levantar um dedo, não tiver que pedir, não tive que fazer nada.

Não me chame de mulher, pois a mulher é minha rival. Mulher verdadeira é sensual, é sedutora, mulher de verdade é quem manda, é quem obriga, é mulher que faz homem sofrer. Mulher de verdade é quem implica, quem argumenta, mulher de verdade é ciumenta, mulher que homem nenhum aguenta, mas não deixa de querer. E eu não sei andar mulher, não sei falar mulher, não sei agir mulher, paquero como menina, rio como menina, ajo como menina, sou rude, grude, me chute, porque não sou mulher fina.

Não me chame de mulher, senão poderia virar uma de repente. Pois mulher também pode ser inconsequente, mas mulher de verdade é independente, e isso eu nunca irei ser. Pois preciso de cuidado, preciso de ajuda, sou mimada, sou chata e abusada e fico mais ainda quando ninguem me escuta. E ninguém nunca me escuta, ninguém nunca me entende, não acreditam que sou interessante, culta e inteligente. Sou boba para todos, sou louca para outros. Para mim, sou apenas menina, apenas jovem, apenas cheia de coisas para falar, e no dia que um homem me escutar, vou segurá-lo até o fim, pois se depender de mim, esse homem eu nunca irei deixar.

Não me chame de mulher, senão irei me apaixonar. Pois tenho medo de ser mulher, tenho medo de crescer mulher, tenho medo de não mais poder rir, não mais poder chorar. Mulher de verdade é sensata, sabe quando tudo deve ser, já eu nunca decoro datas, não sei cozinhar nada, ou costurar nada, só sei que um dia tudo acaba, um dia vou desaparecer. E se você por acaso me chamar de mulher, eu poderei até gostar e tudo isso que eu não sou, irei virar e o meu medo é de nunca mais poder voltar.

Então, não me chame de mulher, pois sei que um dia eu chego lá. Um dia serei responsável, uma esposa organizada, mãe boa e amável. Um dia terei meu emprego, chegarei em casa sempre cedo, lavarei a louça, terei dinheiro sempre na bolsa, criancinhas pequenas para ninar, uma família para cuidar. Um dia irei conseguir tudo que sempre quis ter, serei a mulher que toda menina gostaria de ser, serei um exemplo, terei sempre tempo, para viver, para sonhar, para realizar. Serei tudo que você queria encontrar. Mas não serei mais uma menininha. Não falarei mais besteiras, não cometerei irresponsabilidades inocentes, não chorarei nos seus ombros, ou te ligarei de madrugada procurando consolo. Não te mandarei presentinhos, não sentirei mais saudades suas, não terei necessidade de te procurar em todas as esquinas, todas as avenidas todas as ruas. Não te darei mais sorrisos à toa, não farei mais brincadeiras bobas, não te ligarei mais todas as noites, nem procurarei te ver em cada brecha do meu tempo, não serei mais seu passatempo. Não serei mais a sua protegida, sua menina querida, seu bebê.

Então não me chame de mulher, pois um dia eu chegarei lá. Por enquanto, aproveita que sou criança, com todas os meus defeitos que um dia você irá lembrar com saudades. Aproveita que você me domina, que eu necessito de você, que você me alucina. Não espere que eu seja mulher de verdade, me queira agora, me ame agora, pois não serei para sempre, mas por enquanto, serei só sua, sua menina.


[L.F.]

Monday, December 11, 2006

Depoimento
Chão sujo, objetos caídos em desordem, nada onde devia estar. Sombras confusas por toda parte, um jogo mirabolante de luzes nas paredes, talvez um abajur ou uma lâmpada qualquer quebrada. Vozes gritando, talvez desesperadas, talvez dando ordens. Através da janela um muro branco estampado com pegadas e manchas vermelhas. Mais sombras, indo, voltando, dançando no quintal. Um objeto prateado flutua pela sala, brincando, zombando, pedindo para ser pego. Ele vai e vem e quanto mais tento pegá-lo, mais fraco fico, mais vulnerável fico. Um vulto preto mistura-se com a escuridão da noite. Minha cabeça dói, impedindo-me de entender o que acontecia. A visão perfeita da qual sempre me orgulhei me traía, me enganava, me sentia míope, cego. Borrões, manchas, sombras, nada claro, nada nítido. Não havia dor, não havia raiva, já não sentia nada. Mais vultos negros. Será salvação? Será socorro? Manchas vermelhas por todo canto. Estava acabando. Iria ficar tudo bem. As vozes se acalmavam, a luz clareava, as manchas se tornavam mais nítidas. Um peso levanta-se do meu corpo, rendendo-se aos vultos, fiquei leve, suspirei, estava aliviado. Havia acabado. Com o que me restava de forças, levantei-me. Estava sangrando, mas não havia feridas. Um objeto metálico cai da minha mão, enquanto os vultos negros me envolvem. Finalmente, um pouco de ar livre, um pouco de paz. Tudo certo, tudo em seu devido lugar, tudo como deveria estar. E um par de algemas atando minhas mãos para garantir que tudo continue assim.
[L.F.]

Tuesday, October 24, 2006

You are like a virus spreading a chronic sickness into an already weakened body, sucking on the little strength it has left from all the blood it has shed over the years. You don't feel sorry for anything and it disgusts me the way you can smile like a little boy with a new toy after all the pain you've caused. You make me so angry sometimes I feel like I could stab you twenty times in the heart and feel relieved seeing your last breath make its way through your airways and out of your mouth. I wouldn't regret it. I loathe your arrogance and your ignorance. You are scum to me. You are trash. You don't even deserve words, you don't deserve recognition.

And I try and try and try to convince myself that I shouldn't think of you, miss you, want you, need you. And I try to forget and try to choke every single happy thought I have about you. I want to hate all of your little gadgets, your hobbies, your customs, your culture, your stares and your scents. I try to hate all the harshness in your words, the cruel veracity of your speeches, the sadness of you confessions. I try to hate your limp eyes, your sarcastic smile and your ironic comments. I try to hate everything I ever loved about you.

But I can't.

Sunday, October 08, 2006

Eu não quero ser uma pedra no seu sapato, um zumbido no seu ouvido. Se já passou tudo de bom que eu poderia ser para você, não quero mais ser inconveniente.
Não quero que você me evite, me lastime. Não quero que não atenda meus telefonemas ou que ignore minhas investidas. Não deixe de me escutar ou de conversar comigo. Não quero atrapalhar sua vida, mas não quero que saia da minha. Não quero ser esquecível.
Eu prometo não mais te perturbar, prometo te deixar em paz.
Espero que não esqueça as risadas, os beijos, o carinho, o sexo, a música, os momentos bonitos, os feios. Não esqueça o meu sorriso e o meu amor por você. Sempre estarei por perto, vendo, escutando, observando. Espero que sua vida continue boa, espero que vença os obstáculos que encontra todos os dias, espero que você faça desta vida uma vida maravilhosa.
Por fim, espero que você não se arrependa de ter sido amado por mim.
E agora, adeus. Temos uma vida a viver.



[L.F.]

Thursday, September 28, 2006

Minha conversa com Deus:

Um dia eu conversei com Deus. Ele me disse que todo mundo sentia dor e que se não sentisse, jamais conheceria o alívio.

Deus me disse que errar não é pecado. Pecado é agir sabendo que a ação é um erro. Pecado é errar sabendo que aquele erro causará dor a alguém estimado.

Então fiquei tensa, mas Deus me disse que quando se ama, os erros são perdoados. Mas deve-se ter cuidado para não ferir novamente o coração magoado, pois um bom coração não merece ser quebrado duas vezes.

Eu tinha mais algumas dúvidas e perguntei a Deus por que insistimos em traçar maus caminhos. Ele me disse que só crescemos quando conhecemos tudo de bom e de mal que existe neste mundo. Que só faremos boas escolhas quando já tivermos experimentado más escolhas. Mas, que tivéssemos cuidado, pois se agirmos irresponsavelmente sempre, nos perderemos nestes maus caminhos e poderemos não encontrar nosso rumo novamente.

Então perguntei a Deus por que temos que ver alguém a quem amamos falecer. Ele me disse que a morte é uma coisa totalmente normal, que a vida é uma dádiva e o nascimento, um milagre. Então devemos festejar o nascimento, aproveitar e respeitar a vida e aceitar a morte.

Outro dia estava conversando com Deus e perguntei por que havia tanta guerra, tanta raiva, tanto descontentamento nesse mundo. Ele abaixou a cabeça e ficou pensativo. Seus olhos pareceram tristes e notei uma gota de lágrima caindo do seu brilhante olho esquerdo. Ele se virou para mim e disse: "Minha filha, eu não sei". E percebi que todos os dias magoamos Deus.

Tentei animar a conversa e perguntei o que ele achava da minha vida até agora. Ele ficou pálido, sério, hesitou um pouco. Disse-me que eu lutava contra as verdades, contra o certo, contra tudo que ele havia planejado para mim. Disse-me que eu O havia renegado, esquecido, maltratado. Chamou-me de hipócrita e de irresponsável. Disse que eu não tinha consideração pelos meus pais, pela minha irmã ou qualquer outro da minha família. Que eu não dava o valor necessário a tudo que eles me haviam proporcionado, que tudo para mim era lixo e eu não conhecia o significado de respeito. Jogou-me no chão e disse que eu perdi os meus valores, que perdi minha fé, minha moral, meus sonhos e até minhas conquistas. Para piorar a situação Ele disse que eu desaprendera a amar, a gostar, a dar e a receber carinho. Virei uma rebelde pós-modernista, com valores fracos e nenhuma perspectiva de crescer. Disse que eu virei uma verdadeira ilha de desespero.

Meu chão já era um rio de lágrimas enquanto Deus e eu chorávamos juntos. Nos acalmamos e, entre soluços, perguntei a Ele: "e agora?".

Deus juntou todas as forças do universo e alisou os meus cabelos. Uma onda de paz me percorreu e me acalmei. Ele disse: "Minha filha, você sabe quais são seus erros. Estou te dando, de presente, a mais poderosa ferramenta para que você resolva seus problemas: minha fé em você. Faça-me orgulhoso."



[L.F.]

Friday, September 15, 2006

Ela era um oásis de areias brancas e sedosas que inundava minha visão com seus movimentos abstratos e excêntricos. Sua presença era um ímã que me atraía a cada ponto sensual do corpo. Meus olhos nao viam a festa, as luzes, as pessoas, os olhares. Só viam ela, bela, seu todo num êxtase inimaginável, fantástico. Ela era a própria razão da minha maravilha. Ela dançava como se fosse a primeira dança do mundo, a primeira mulher a se perder num labirinto de ritmos e palavras.

Eu suava descontroladamente. Meu corpo tremia como uma nave espacial se preparando para decolar. Me imaginava voando em alta velocidade rumo ao céu com ela ao meu lado, olhando com para mim com aqueles olhos tristes de mel. E ela me perguntava "para onde vamos" e eu dizia "vou te mostrar as estrelas". Mas ela era quem guiava nossa aventura, ela comandava e mandava e eu obedecia como se o objetivo da minha vida fosse satisfazer suas vontades.

Eu virava e girava e procurava algo para desviar minha atenção, mas ela me corroía. E eu deixava e gostava. Perdi toda a vergonha. Todos os meus segredos foram revelados para o mundo e eu estava livre. Uma onda de alívio me percorreu o corpo, a alma. Parecia que esperava por aquele momento há milênios. Aquela mulher que faria com que se despertasse o melhor que havia em mim, o natural e lindo que havia em mim.

Ergui a cabeça e rezei para não me lembrar de nada no dia seguinte. Rezei para que o álcool guardasse toda aquela noite à sete chaves do meu consciente para sempre. Que apenas restasse uma sensação de felicidade e ternura.

A forte e pesada bateria de um rock qualquer que tocava, aos poucos, ia aumentando a minha coragem. Até que o solo da guitarra estourou, empurrando meu coração de encontro ao dela, carregando meu corpo em direção ao dela, fixando meus olhos aos dela que, para minha inocente surpresa, me olhavam com o mesmo desejo que os meus. E eu a engolia, a despia, a lambia com meus olhos. Via toda a extensão macia da sua pele, o emaranhado dos seus cabelos negros, a sua vontade de se entregar para mim.

Eu já quase correndo em direção a ela, esbarrando em pessoas sem rostos, sem identidade. Ela estava num êxtase que deixava sua face rosada, maravilhosamente corada. Eu cada vez mais perto e ela abria, lentamente, seus lábios. Sua língua brincava dentro da sua boca úmida, me convidando a provar da sua água, me convidando ao seu feitiço.

Cheguei ao seu encontro e não haviam palavras. Ela alisou meus cabelos longos, quase tão negros quanto os dela, acariciando meu pescoço e meus ombros. Me tomou pela mão e me puxou ao seu encontro. Virei, de repente, uma criança em suas mãos. Vi as pessoas se afastando de nós com surpresa. Ela me sorriu o mais lindo sorriso que jamais havia visto e, me puxando pela cintura, se agarrou em mim e me beijou com aqueles seus lábios que atraíam a atenção de todo homem que passava. Seu beijo era como o primeiro beijo do mundo. Eu sentia cada centímetro do seu corpo que me tocava. Agarrei-me a ela e nos perdemos nos nossos beijos e nossas peles.

Eu a invejava pela sua determinação e despreocupação com a nossa platéia. Sua mão desceu do meu pescoço até meus seios - já endurecidos de tão excitados. E, juntas, exploramos nossos corpos por cima das nossas roupas e eu já não via ninguém, já não escutava a música. Só sentia a euforia do nosso encontro e o desejo, cada vez mais ardente, de tê-la comigo pelo resto da noite. Sua mão subiu a minha saia e acariciou minhas coxas e eu, já sem controle, enfiei a minha dentro da sua blusa e senti toda a rigidez excitante de seu seio. Nossas línguas não se separavam. Chupei seu pescoço, lambi seu decote e ela me agarrava e me apertava e por mim eu morria ali mesmo. Foi a minha primeira noite, meu primeiro verdadeiro beijo, meu único desejo.

E senti uma pressão no meu ombro que não era ela. Virei-me desconcertada e olhos tristes e confusos me olhavam emanando daquele corpo cheio de músculos e carinho que pertencia ao meu namorado. Ele me encarava como se não me conhecesse. E, por um segundo, eu também não me conheci. Não era a mesma. E tudo havia mudado.

Voltei o meu olhar novamente àquela mulher e, em um segundo, esqueci de todo o resto. Nada mais importava. E agora?


[L.F.]

Saturday, August 26, 2006

Year Long Prayer
(resposta à New Year's Eve Prayer de Jeff Buckley)


I pray that you will smile always at the silliest things and the lamest jokes.

I pray that you will kiss your lover whole, inch by inch, skin by skin, until everything is permanently stained and scarred with your love.

I pray for everlasting temporary relationships for which you will cry endless tears of sorrow and happiness.

I pray for true love at least once in your lifetime, even if it doesn't last.

I pray that you will enjoy full glasses of cheap red wine of the most terrible taste with your closest friends on a boring saturday night while laughing at nothing in particular.

I pray that you will wake up the next day and swear, in the midst of a catastrophic hangover, that you will never drink again. (until next saturday, of course)

I pray that you will cry with every cheesy movie and every highly uninspired commercial. (never hold back your tears)

I pray that you will listen to romantic radio stations every time your heart is broken and imagine yourself flying to somewhere far away everytime you feel you won't make it. (just be careful not to fall)

I pray for kaleidoscopic frenzies, lights flashing blindingly and hipnotic music loudly playing, forcing your body to move in its rhythm, losing yourself in an abstract dream of powerful ecstasy.

I pray that you will dance in each and every opportunity.

I pray that you dream and in your dreams discover the beauty of your soul.

I pray that you discover the magical power of a smile.

I pray that you will never hide your emotions and refrain your thoughts.

I pray that you understand that knowledge is the most powerful weapon you will ever handle.

I pray that you will accomplish all these little things that you probably won't remember in a little while, for it's the things we don't keep that really matter.

I pray that you become free.

I pray that you see.

I pray for you and me.

I pray.



[Larissa Fernandes]



Tuesday, July 11, 2006

All Before I Die


I want to see the world whole
breathe different airs
speak different words
and kiss foreign lips
I want to explore magic kingdoms
and discover ancient realms.

I want to venture into the wild
win over raging impossibilities
prove my worth, achieve recognition
I want to feel honorable and
know ive done my best.

I want to lose myself in thousands of stories
read every book, see every film
sing every song and dance every dance
experiment experiment experiment.

I want to engrave my name in every tree
leave footprints in every wet cimment
I want to be remembered, be missed, be loved
I want to rise high above.

I want to sleep below a thousand constellations
and count every star in the sky
I want to walk barefoot in the sand
and feel the water touch my skin
I want to feel alive again.
I want to live the city and all it’s lights
all it’s parties and bars and days and nights
meet city people with ice cold eyes
their arrogance and blissfulness, their thoughts and their frights.

I want to love like my hearts on fire
feel his touch in every corner of my being
smell his scent and taste his lips
carress his skin and make him scream
and feel all his pleasure and heat and passion pass on to me.

I want to fall in love with the perfect man
live the white picket fence, sunday car wash
friday night home movie with a bottle of wine – dream
sleep the most perfect sleep, awake to the horrors of routine.

I want to die and to be reborn
to lie and be forgiven
to drown and then breath again
to get hurt and then be cured
to fall and crawl back up
to succeed, to smile, to rejoice
to win, to fight, to honor, to work
to play, to like, to kiss
to dance, to make love
to fly, to love
to live.

all before i die.


[L.F.]

Friday, June 23, 2006



Faísca

a chuva que bate na janela
a água que derrama como lágrimas
leva embora o mal, a angústia
leva embora a tristeza, a minha renúncia
o choro que calou
um pingo assustou
e a chuva continua
calada em seu trovão
falando em seu relâmpago
e me escuta e me aconselha
e leva embora tudo o que me rodeia
deixando apenas um arrepio
uma calma envolvente espanta o frio
uma faísca de esperança ofusca o lado sombrio
e a chuva vira essência
a própria face da felicidade
e enquanto as nuvens se desfazem
uma última lágrima cai enquanto a chuva parte
e quando acaba o desespero
abre-se o caminho para a era da saudade

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