Tuesday, May 13, 2008

Pára tudo! Pára tudo!

Pára que eu ligo a minha caixa preta produtora de ilusões tristes e reais e preciso, necessito saber daquilo que não está acontecendo lá fora.

Pára tudo!

Pára que eu preciso navegar, surfar, pular por todos os canais supérfluos, utópicos da realidade animal humana e ver bonecos de carne e osso atuarem dentro de uma peça infantil de marionetes, proferindo para um público estático verdades falsas e fingidas.

Pára tudo! Pára tudo!

Pára que o papagaio rei pede a palavra e perde a bolacha e fala comigo como se fosse meu superior e talvez seja mesmo o meu superior, pois agora passo minhas horas escutando com atenção e concentração uma ave verde falante me contando novidades surreais que eu já nem sei mais se preciso ou não saber.

Pára tudo!

Pára logo, porque eu preciso saber que o Ed traiu a Fê que deu luz a um bebê autista filho do Fred que fumou sua herança de 100 milhões de Euros todinha junto com a Sil que antes de virar socialite fina era uma junkie lésbica que ganhava dinheiro coestrelando em filmes pornôs necropedófilos junto com o Max que deixou esta vida para virar padre da igreja universal do reino de Deus que, por sinal, está fervendo de raiva com essa putaria toda.

PÁRA TUDO PÁRA TUDO PÁRA TUDO!

Pára que eu preciso saber quem acabou quem começou quem reatou quem confirmou quem casou quem divorciou quem engravidou quem foi pego em flagrante quem passou vergonha quem sente muito quem se internou quem perdeu quem venceu quem bebeu quem tirou a roupa quem queimou a rosca quem foi filmado pelado no ato quem viu quem assistiu quem fingiu quem mentiu quem viveu quem nasceu e, principalmente, para acabar com a agonia ou harmonia geral do povo, quem morreu.

Pára tudo!

Pára que eu quero ver aquele patrulha que policia os casos do brasil com "b" minúsculo, SIM!, brasil com "b" minúsculo, pois o meu Brasil não é a realidade estampada na tela acanhada da minha caixa preta de terror, meu Brasil não é um mar de mentes secas sugando como esponja a vergonha que ninguém quer assumir, meu Brasil não é o pau-mandado que parece nem tem o respeito que merece e me indigna, me enraivece, me entristece, me enfurece a falta de respeito que que os homens por trás da tela tem pelo meu Brasil.

Pára tudo! Pára tudo!

Pára, calma! Anda! Cadê a CPI que estava ali? Agora já é desarmamento, mas cadê o julgamento, o importante e necessário caiu no esquecimento, pois o público, meus compatriotas, tem memória fraca, rasa, fácil de ser enganada. Agora é o julgamento, alguém foi preso, chamou atenção, o resto foi deixado de lado, hoje já é outro o destaque, hoje já é outro o escândalo, mandamos pires embora do país, o veloso também se foi, junto com muitos outros, mas todos voltaram, porque os poderosos têm medo daquilo que não podem controlar e mais medo ainda de perder o carisma a simpatia o apoio de nós, gado.

Pára tudo! Pára Pára Pára!

Pára isabela, Pára com isso menina! Você, coitada, não tem paz, não tem sossêgo, até depois de morta infernizam seu juízo, criando estórias e histórias, fazendo sua glória, usando sua curta vivência para ocupar o cotidiano de pessoas que precisam de algo para preencher seu cotidiano. isabela, eu tenho pena de você, te vejo todos os dias na telinha da minha caixa preta de lamentações, pequena, tímida, o brasil chora por você. SIM! O brasil com "b" minísculo, pois o meu Brasil tem coisas mais importantes em seu itinerário. isabela, que você consiga seu descanso algum dia e que todos os envolvidos no prolongamento e insistência da sua estória não descansem nunca mais e paguem pela falta de respeito que demonstraram a você e a todo o Brasil.

Pára tudo! Pára tudo!

Pára que eu estou cansada, meus olhos estão caídos, carregam o pesar de uma geração, o sofrimento da massa, as ilusões do cotidiano, das novelas, das realidades, das violências. Que fiquem vocês, imbecis, com suas violências e me deixem em paz. Me mostrem o que realmente preciso saber, me façam sentir orgulho de fazer parte desta tribo, me mostrem que não somos todos animais, que não somos canibais, que não somos pelés, nem zé manés, que prezamos pelo respeito mútuo e não nos orgulhamos do jeitinho brasileiro, não precisamos ter um jeitinho brasileiro, me mostrem que estou errada, que tudo pode mudar, que um dia poderemos confiar em tudo que nos disserem, nos mostrarem. Mostrem!

Pára tudo!

Pára tudo que por enquanto não vou perder meu tempo frágil. Vou me livrar deste ócio pesado e gangrenado. Pára tudo!

Pára tudo! Parem todos!

Vende-se caixa preta da felicidade. Enganará os seus sentidos e insultará a sua inteligência, mas proporcionará a você e a sua família o sentimento profundo de que sua situação é bem melhor que a do seu vizinho.


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