Tuesday, May 23, 2006


andei por becos e esquinas procurando meu lugar
andei por caminhos de vidro sem sentir o calor do meu sangue envolvendo meus pés
procurei por todo o planeta um significado para minha razão
procurei uma razão para justificar minha procura
procurei motivos e motivos e motivos para tudo o que faço
procurei não desabar em depressão ao descobrir que não há motivos
caminhei em direção à água acreditando que não poderia me afogar
descobri o mais gostoso suspiro ao descobrir que ainda podia viver
caminhei ao deus-dará à procura de um sentido para continuar
chorei de alegria quando descobri o amor
chorei tristes lágrimas ao descobrir que o amor pode acabar
vibrei quando descobri que o mundo é apenas um ciclo onde as coisas se fazem e se desfazem,
apenas para se refazerem sempre novamente
consolei a mim mesma quando entendi que o amor é eterno, mas os relacionamentos são temporários
procurei não me sobrecarregar com tudo o que vem em minha direção
procurei achar minha direção
descobri que nunca é fácil
descobri que nada é fácil
entendi, finalmente, que não se deve pensar demais
senão, perde-se a vida e ficam apenas as palavras.

Wednesday, May 10, 2006

comunhão
(Fig. União no mesmo estado de espírito.)



e os meus beijos são seus
e seus medos são meus
tudo em seu próprio lugar
diante de qualquer deus
apenas você e eu
nada nos poderá faltar

desenhos abstratos na areia
tudo em você me incendeia
seu corpo contra o meu é meu céu
fora dos paraísos das aldeias
em meio às águas serei sereia
uma noiva molhada e sem véu

os nossos segredos são nossos
longe dos olhares curiosos
seremos uma só alma sagrada
desejo dar-te tudo que não posso
até nos dias mais tenebrosos
saiba sempre,
nossas almas juntas são o mundo,
você, para mim, é tudo
e eu, sem você, não sou nada.


[L.F.]

sendo, não sendo, tornando, voltando
_______________________________

e por que me justificar por qualquer coisa?
se faço o que faço, conheço os meus pecados
quem irá me condenar?
se decido andar por cima das águas do mar como uma profeta
se pulo de cima de um prédio e abro minhas asas para voar
se beijo uma boca apenas para sentir o calor humano passando de um corpo para outro.

meus passos não são errantes, são pedantes
pedem suas mãos, desejam atenção
desmoronando-me a partir de um presságio bobo
um abismo se abrindo em minha volta
as consequências dos meus atos me circulando, cantando minha derrota
e eu encolhida no meu berço, no meu leito, no meu caixão
com uma garrafa de bebida e um cigarro na mão

mas hei de erguer-me, hei de vencer esse futuro macabro
futuro que eu mesma tracei para mim
mas, sendo o que sou e não sendo o que sou
torno-me um anjo negro ressurgindo do poço
banho-me na água, livro-me do mal e dos erros
fujo
e volto ao meu lugar
caminho para casa através de um caminho sobre as águas do mar.


[L.F.]

Tuesday, May 09, 2006

Rotina

O dia-a-dia às vezes é torturante. Para todos. Para os que trabalham, que se esforçam todos os dias para por comida na mesa; para aqueles que estudam, que mergulham em diversos mundos diferentes de economia, matemática ou direito para algum dia serem algum tipo de profissional competente; até para aqueles que não fazem nada, que desistem de tentar ou tem preguiça, que preferem gastar sua herança em atividades monótonas e passageiras do que almejar a um futuro seguro e digno. O dia-a-dia chega a ser perverso.

A rotina nos consome de modo desgastante e cruel. Nos prendemos tanto a aquelas atividades rotineiras que esquecemos que existe vida além da normalidade. De repente, estamos cansados para fazer qualquer coisa. O final de semana é um berço para o sono, o descanso e o Faustão e o Gugu no domingo apenas por não termos mais forças para qualquer outra atividade. Desgastamos nosso corpo, nossa mente e nosso espírito por causa do ócio causado pelo estresse da semana corriqueira.

De repente a mulher chega em casa da semana de plantão e não vê os filhos, não vê o marido, não vê o cachorro. Vê o quadro que está torto, o carpete que está enrugado, o café velho na mesa, o pó na janela. Ela já não fala; ela reclama. Ela não conversa; ela briga. Ela não diz "Oi, boa tarde"; diz "Oi, não me acorde". E o homem que chega em casa depois de um final de semana no sul em reunião que não vê os filhos ou a mulher. Vê o sofá, a cerveja e o futebol na televisão. O menino chega em casa da escola e não vê a mãe e o pai. Vê o som do seu quarto em volume desmedido, o computador ligado até as 4 da madrugada e a Playboy do mês escondida de baixo do tapete do banheiro.

E as famílias se acabam. As conversas, os diálogos cessam. O mundo desaba e os relacionamentos se tornam verdadeiros agentes da mentira, cobiça, descaso, indiferença, exclusão familiar.

O dia-a-dia é cruel.

Ninguém entende mais ninguém. Ninguém entende o estresse da mãe, o cansaço do pai, o descaso do filho, a depressão da filha, o porque de tanta mudança em um ambiente que era, antes, tão conhecido por todos.

Ninguém compreende que o dia-a-dia não precisa ser sinônimo de mesmice ou rotina. Ninguém entende que uma simples conversa antes de dormir pode curar uma tristeza; que um sorriso sincero pode descansar um corpo; que um simples abraço pode significar o amor de uma eternidade. Um passeio pelo parque, uma ida à praia, um filme no cinema. Tão simples. Uma mudança só acarreta milhares de pequenas mudanças em todos e em tudo. O Efeito Borboleta nunca foi tão verdadeiro. Um pequeno passo pode criar um grande avanço. O dia-a-dia não precisa ser cruel. Não precisa ser torturante ou perverso.

O dia-a-dia pode ser maravilhoso e encantador. Todos podemos descobrir pequenas riquezas em cada dia de nossas vidas. Em cada esquina, cada loja, cada quarto. A casa é o coração de uma família. Mas com tanta correria, passamos a esquecer disso. Mas, isso não é necessário. É só olhar em volta de si e lembrar que sempre haverá um momentinho amanhã para um cochilo. E a vida não precisa ser monótona, é só vivê-la com paixão. A rotina de cada um é apenas um lembrete, não vamos esquecer de lê-lo.

[L.F.]

Saturday, May 06, 2006

A Vida é Assim...

Pois é pessoal, a vida é assim, as vezes boa para nós, as vezes ruim... As vezes nos engana, nos distrai, nos circula, nos trai. Pensamos que estamos no topo, mas estamos caíndo e quando estamos no poço, estamos subindo... As vezes fazemos coisas sem pensar, esquecemos de perguntar, de pedir permissão, criamos confusão e acabamos nos arrependendo, nos rendemos à tristeza, à decepção.

Pois é pessoal, as vezes precisamos parar um pouco. Andamos à mil o tempo todo, parecemos uns loucos. Não reparamos mais nos detalhes, nas coisas simples, no dia-a-dia. Sonhamos alto e esquecemos da realidade. Esquecemos do vivo, do que podemos segurar com nossas mãos. Esquecemos de abraçar o amigo, o pai, a mãe. Esquecemos de cantar nosso hino, assim, do nada, por puro amor ao nosso país, pelo puro prazer de cantar um orgulho à nossa pátria...

Pois é pessoal, temos que ouvir mais nossos irmãos, principalmente os mais novos... Aqueles que aprendem conosco, que riam conosco, que choram conosco, que nos amam sempre e nos odeiam muitas vezes... Temos que nos fazer exemplo, modelo, heróis... Temos que ser heróis para nossos irmãos, porque só assim eles terão algo a almejar no futuro e poderão crescer sozinhos, com nossos conselhos, nossas conversas, nossos sermões..

Pois é pessoal, e o que aconteceu com a humildade? Foi embora, deixou saudades. O que aconteceu com me desculpe, com licença, quer ajuda, eu te amo... Que mundo louco é esse, que troca um ato de caridade e educação por arrogância e egocentrismo? Que mundo louco é esse onde maltratamos animais todos os dias, usamos casacos de pele e temos o maior amor pelo nosso cachorrinho de estimação? Que negação! Não tomamos conta do nosso planeta, pois dinheiro é o ar que respiramos... Negar um centavo a um coitado para nos contentar com mais um carro.

Pois é pessoal, e o que aconteceu com a amizade? Aquelas que duram de verdade? Com ligações de madrugada, chorando no chão do banheiro, pedindo ajuda, orientação, amor, um simples "estou te ouvindo". Amizade sem cobrança, sem herança, sem nunca pedir nada e sempre dar de tudo. Amizade com confiança, com risadas, com choros e pisadas na bola, e depois o perdão, o sermão, a certeza de que a amizade sobreviverá.

Pois é pessoal, a vida é assim... Cheia de curvas, de becos sem saídas, de cruzamentos, de trilhas escuras, caminhos desconhecidos... A vida é misteriosa e simples, suja e bela, dura e convidativa. Ela nos testa, nos examina, nos analisa, nos ataca... e nós temos que combater, que viver, que lutar, que batalhar. E nunca esquecer do que éramos quando começamos a batalha, apenas pessoas à procura de um sentido maior.


[L.F.]

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